Walter Toshiaki Fukushima

Walter –  das flores –  como sempre a ele nos referimos, participa deste projeto e da EcoFeira com muita presença. Logo ao entrar, somos brindados com as belezas das folhagens, temperos e flores que parecem nos enviar um convite  para que as levemos para casa  e que passem a  participar de nossas vidas, em nossos jardins e quintais.

Ao ser solicitado a enviar alguma informação relevante para que fosse escrito o texto relativo à sua foto, ele nos brinda com este lindo depoimento:

“A nossa história começou quando o meu pai e família vieram de Marília/SP explorar novos horizontes na cidade de São Paulo. Meus avós, imigrantes japoneses, educados com a mais rigorosa disciplina do País do Sol Nascente, migraram para a grande cidade, visando mais facilidade de acesso à escola para seus filhos, num total de onze.

Meu pai, o segundo filho, prejudicado imensuravelmente pela Segunda Guerra Mundial, não pode ir às aulas, o que o deixou vulnerável na grande metrópole. Visionário, tentando unir ao útil ao agradável, escolheu como carreira trabalhar na lavoura, mas não na convencional, mas sim, trabalhar com bonsai. Papai, muito religioso, aos seus 22 anos, em 1954, com muita fé, determinação e espírito aventureiro, por acaso, resolveu do nada fazer uma viagem de trem de São Paulo para Bragança Paulista.

Durante o trajeto, um moço de cerca de 38 anos puxou assunto e, na conversa, o rapaz comentou sobre bonsai…  Era um bonsaísta muito experiente que, mais tarde, se tornou o seu mentor, com o qual aprendeu técnicas desta arte milenar. Para frequentar aulas na prática, meu pai foi morar com ele em Bragança Paulista. Além de aprender bonsai, também partiu para cultivo de rosa de corte que, naquela época, década de 50, não tinha concorrência. Mas um acontecimento inimaginável acometeu o meu pai, na ida e vinda de trem levando rosas para vender em São Paulo: ele conheceu um jovem japonês nato que foi seu cliente e que lhe fez uma oferta desafiadora e ainda muito restrita – o cultivo de flores em vaso na estufa e, meu pai, discípulo assíduo de novidades, aceitou a oferta. Mudou-se de  Bragança Paulista para a Granja Viana, Cotia, em 1969, onde  se  casou. 

Na  mudança, meu  pai  trouxe consigo mudas de bonsai que ele havia plantado na época de aprendiz, quando estava com 15 anos.

Eu nasci na Granja Viana, onde ficamos até 1976. Depois, mudamos para Bairro Aguassaí, onde estamos até agora. E, na atual chácara, ainda mantemos essa muda que agora já está com 63 anos e da qual muitas crias foram geradas. Após o falecimento do meu pai apostamos na plantação de ervas medicinais e aromáticas e criamos um orquidário.  

Quem cuida do viveiro é a minha mãe, por quem tenho profundo amor, respeito e gratidão por tudo que ela representa para mim. Sempre dedicada, generosidade aflorando da sublimidade da alma, com seu empenho incondicional, além de estar sempre disposta, com tudo e com todos, e com a minha família. Ora leva meu filho para escola, ora para consulta médica/odontológica, participa das reuniões de pais, possui um ímpar carinho pelas plantas, semeando, replantando, regando, adubando, tirando mato, cuidando dos cães e gatos, enfim, ainda com todas essas atribuições diárias, sempre descola um tempo para cuidar da manutenção das estufas, da gente, zelando integralmente para o nosso bem. Vejo-a anulando completamente seu ego, tudo para que não nos falte nada. Sem a minha mãe, nada poderia fazer e tampouco participar das edições da EcoFeira.

Portanto, todo mérito que conquisto aqui é fruto inegável e incondicional do que mamãe aplica no seu dia a dia. Devo a minha vida a ela e, além de me criar, ela continua dedicando parte da sua vida para que nada nos falte. Muito, muito, muito, muito, muito, muito, obrigado. Os sete muitos é homenagem a ela que adora esse número! 

Outra pessoa a quem devo também a minha vida é minha esposa –   a minha magnífica, fantástica, magnânima esposa, com quem estou unido há 11 anos pelos laços sagrados do matrimônio. É ela quem sempre me pergunta, próximo à véspera da EcoFeira, se tem algum pedido para meus clientes. Sou meio distraído e ela me complementa nesse sentido. Quando tenho algum, ela encomenda e com sacrifício traz para casa, pois trabalha no CEAGESP há 3 anos. Esposa maravilhosa, esforçada e sempre para frente, alto astral e confiante, deixa-me cada vez mais encantado e vem me conquistando cada vez mais, diariamente. 

Tenho também um filho inteligente, responsável, esforçado, orgulho da minha família. Sem eles, mamãe, esposa e filho, minha atividade não teria sentido e há tempo teria desistido da EcoFeira. Eles são o meu porto seguro. Dedico e eles um infinito amor e gratidão. Eles são a razão da minha existência. Muito obrigado, aos meus antepassados, meu pai, in memorian, mamãe, minha esposa e ao meu filho.   

Conhecemos a EcoFeira também por meio do acaso. Em 2010, ainda com a família recém-formada, estávamos com um filho que bem completara um ano. Nessa época, a nossa vida estava enfrentando um paradigma, minha esposa trabalhava como agente comunitário e o relacionamento com a chefe dela estava por um fio e eu, por outro lado, era funcionário público do Estado.

Estávamos recebendo aquém do nosso merecimento, e o que nos guiava o dia a dia era a venda na feira em Ibiúna. Neste intervalo de tempo, tivemos a ideia de vender flores no Cemitério de Cotia e corremos atrás, e em uma conversa perguntei se tinha alguma feira alternativa. Informaram-me da EcoFeira.

Demonstrei interesse e nos encaminharam para a área de Secretaria de Turismo do Município, onde tive o imenso prazer de conhecer a Cris Oka, a sempre Cris Oka que nos acolheu com tanta estima, gentileza e profissionalismo. No nosso primeiro contato, ela pediu para que preenchêssemos um formulário, no qual descrevemos o tipo de produto que iríamos expor. Feito isso, ela nos informou que as vagas já estariam esgotadas, pois, já havia um produtor que iria vender os mesmos produtos que eu. Porém, mesmo assim, que era para aguardar. Não sei se foi acaso ou por golpe do destino ou sorte, ligaram-me confirmando uma vaga.  

Participei, já na segunda edição, e de lá para cá continuo firme.

Constituímos uma família entre os expositores –  pessoas ímpares, sem igual. Amo muitíssimo a EcoFeira! Conhecemos muitos clientes que continuam fiéis até o momento. Sem a equipe maravilhosa que compõe a EcoFeira, o que seria de mim? Sem a EcoFeira, o que seria de mim, minha família e herdeiros?

Parabéns  à  EcoFeira  por  7 anos  de  existência! ”

O que dizer mais?  Apenas que aplaudimos o relato de sua própria história e  com ele fazemos  coro nesta celebração!


Conheça as flores do Walter aqui.

 

Heloísa Reis
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