Se você imaginou, ao ler o título deste texto, uma pessoa deitada numa canga lendo um livro, embaixo de uma árvore, acho que consegui te levar para o lugar que gostaria. Sim, livros e natureza são uma combinação orgânica e os benefícios da prática de ler envolto ao verde são muitos.

Podemos começar falando de um ou de outro… Começaremos pela literatura.

Muito já se fala a respeito da importância da leitura na vida de uma criança (na vida de qualquer pessoa, mas me aterei ao universo infantil). Ao se presentear uma criança com um livro, se está proporcionando, de cara, a ampliação de seu vocabulário. Crianças que pouco falam ou que usam sempre os mesmos termos, geralmente não tiveram muito acesso a livros (e as razões para isso são muitas e não entraremos nessa questão).

Há que se destacar, também, o desenvolvimento cognitivo aumentado pela leitura, pois a capacidade de raciocínio e de associações que a criança faz pela constância da leitura são impressionantes, uma vez que as sinapses cerebrais são feitas com maior frequência e maior rapidez. Além disso, há considerável aumento da criatividade e da imaginação; assim como da concentração e da memória, como atestam inúmeros artigos disponíveis na internet.

Daniele no Parque Teresa Maia

Ler para uma criança estimula a sua curiosidade, o seu interesse pelos assuntos que a cercam e a tocam. Este hábito, também, promove autoconhecimento à criança (ao se identificar ou não com personagens e narrativas) e a ensina ferramentas emocionais ao ver personagens lidando com situações do cotidiano, como perdas de parentes e bichos de estimação ou conflitos que esteja vivenciando.

Ao se compartilhar a leitura, se estabelece conexão sentimental com os pais e/ou cuidadores, gerando memórias afetivas de longo prazo que, no mundo de hoje, em que muitos adultos precisam trabalhar bastante, é fundamental, e cada vez mais as famílias estão perdendo o hábito da leitura com suas crianças, geralmente, pela falta de tempo ou porque elas próprias já perderam o interesse por ler.

Algumas pessoas alegam que os livros custam caro, mas quanto custam brinquedos? Ao se dar um livro de presente, se dá o mundo a uma criança! Um livro pode ser compartilhado, não apenas comprado, não esqueçamos disso. Pode-se ingressar em uma biblioteca municipal ou estadual e ler gratuitamente os volumes lá disponíveis. Pode-se pegar emprestado com amigos, familiares e há muitas escolas que promovem a circulação de livros. Para isso, o livro não pode ser um objeto estranho, que não instigue a mínima curiosidade da criança.

Os meios digitais possuem sua importância nos dias de hoje e podem ser usados de forma saudável pelas crianças, mas não se pode ignorar os aspectos sensoriais ao se ter um livro no colo: a criança ativa seu sentido tátil ao folhear as páginas de um livro ilustrado, tem contato com o processo de elaboração de um livro, sente o seu peso (como mencionava Ítalo Calvino), enfim, deseja saber o que acontece na próxima linha, na próxima página sem o brilho de uma tela, ali, bem na sua frente, podendo usufruir, inclusive, da graça que existe em fazer anotações de seus pensamentos nas laterais do livro (como dizia Mário Quintana).

Ter um livro nas mãos é transformador e com isso não se está desqualificando os meios digitais, mas, ao mesmo tempo, se está, sim, propondo o resgate do prazer de ler um livro físico e, quando se trata de criança, de o seu cuidador ler para ela.

Ler junto gera lembranças afetivas que a criança certamente levará consigo para o resto da vida por ter podido ler livros ao lado de seus pais e/ou cuidadores, traz senso de pertencimento, afinidade, estreitamento de laços ao núcleo familiar.

E, se juntarmos todo o acima com a natureza, os benefícios se potencializam. Assim, além das benesses que a própria cultura traz, há que se destacar igualmente os benefícios do contato direto com a natureza.

Estar rodeado de elementos naturais é comprovado pela ciência como sendo altamente saudável e é recomendado por muitos pediatras e psicólogos como essencial para a infância (essencial para qualquer adolescente e adulto também).

Livraria A Novidadeira

Estar em contato direto com parques, gramados, árvores, pássaros, lagos, céu aberto, enfim, ambientes naturais que promovem, por si só, a sensação de tranquilidade, de respiro para as atividades do dia a dia, realizadas, geralmente, em estruturas fechadas, e poder conjugar isso com a leitura constrói, além de tudo, afetividade e memórias agradáveis para crianças e suas famílias.

Muitos de nós levamos a bicicleta para a criança andar, mas e por que não levar também um pano para estender no chão e um livro?

Nós, enquanto Humanidade, estamos num importante processo curativo de restabelecer algo perdido ao longo dos anos, principalmente, durante os anos anteriores de pandemia, que é o contato pessoal. Somos, essencial e naturalmente,  seres relacionais e estar em convívio com pessoas é saudável sob todos os pontos de vista.

Encontrar pessoas num parque, por exemplo, nos propicia tudo isso: a leitura agradável, o contato com a natureza e o convívio com o outro. Perdemos muito do convívio social, da habilidade emocional de lidar com outras pessoas e circunstâncias diferentes daquelas de nosso núcleo social. Estar em contato com pessoas, num ambiente cercado de verde, constrói, como dito acima, memórias afetivas de longo prazo, promove o senso de pertencimento e de coletividade, fazendo com que entendamos e exerçamos ainda mais nosso papel na sociedade enquanto cidadãos e possamos nos reconectar com pessoas.


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Daniele Maia Teixeira Coelho
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