KAZUKO IWAI, artista ceramista

Kazuko Iwai

Participar de uma ECOFEIRA semanalmente é uma arte. Não é para qualquer um não. E a da Granja Viana é muito especial.

A artista japonesa, radicada no Brasil há mais de 40 anos, KAZUKO IWAI, sabe bem disso. Participa da feira desde a sua origem, com suas “joias” delicadas, feitas manualmente uma-a-uma com a paciência de quem sabe o que faz.

Quando visitei seu ateliê, tive a grata surpresa de além de conhecer sua obra, seu trabalho, conheci sua casa, construída por ela e seu marido, que há 22 anos moram na Granja Viana. Bem ao lado da ECOFEIRA, em um condomínio tranquilo e muito arborizado. Com 78 anos, 2 filhos, e 4 pontes de safena, Kazuko anda um pouco devagar, mas com uma alegria de viver contagiante. Fala de mansinho, se desculpando pelo sotaque carregado, com muito carinho e atenção.

Diz estar cansada, mas não para um minuto. Mesmo durante a exposição na feira, quando a visitei, fala com todos, cumprimenta muitos e sempre com um belo sorriso no rosto.

Se apaixonou pela arte da CERÂMICA, através da técnica SHIPPÔ, e com a qual alcançou consagração internacional, assim que viu peças em uma vitrine de uma loja, ainda no Japão.

“Fiquei em estado de choque”, diz exatamente com está palavra “choque” sorridente. Mas ainda não foi no Japão que ela aprendeu a técnica. Viajou algumas vezes para o Brasil a convite, pois era uma das estudantes mais aplicada em Biologia (isso mesmo!) e ganhou bolsa para visitar a América Latina. Só veio morar aqui quando casou com o marido oceanógrafo.

Aqui, demorou para aprender a nossa língua, e só depois começou a estudar a sua ARTE. Teve seu primeiro contato com a esmaltação, em 1981, no Brasil. “Comecei muito tarde, com quase 40 anos”, conta, sem lembrar muito bem a idade; realizou diversos cursos, nesta época foi conhecendo os artistas, se aproximando de alguns, como Ken Kaneko, Shoko Suzuki, artistas granjeiros que são amigos.

Depois de muitos cursos, dedicou-se com exclusividade a técnica SHIPPÔ, que é o resultado da queima a alta temperatura de pó de vidro sob metal. A cada queima dessa mistura, origina-se uma peça inimaginável. Um trabalho delicado. Minimalista. Raramente se acha pecas em SHIPPÔ, portanto, seu trabalho é praticamente único.

Quando veio para Brasil, morava no Jardim Bonfiglioli, onde ficava muito sozinha com os filhos, pois o marido viaja muito em expedições. Em uma destas viagens, o muro da casa desmoronou, atingindo uma casa abaixo da sua, por sorte ninguém se feriu ou morreu, mas foi um dos momentos mais difíceis para a nossa artista, pois, sozinha com os filhos e sem falar quase nada do português, ficou desesperada.

Amparada por vizinhos e amigos, continuou ainda por um bom tempo até achar um bom terreno na Granja, de onde não saiu mais.

Está desde o início na ECOFEIRA, “gosto muito de participar, pena não estar muito bem de saúde, fiz 4 pontes de safena, então me sinto muito cansada, mas sempre que posso, venho, pois aqui me sinto animada e gosto muito das pessoas”.

Vai contando e mostrando suas peças que variam de pequenos brincos, a broches, pingentes e colares coloridos. Um trabalho muito fino, delicado realizado por um mulher dedicada.

Solange Viana
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